A Voz • O Violão • A Música de Djavan

1976
“Valei-me Deus/É o fim do nosso amor/Perdoa por favor...”, quem não cantou esses versos naquele ano de 1976, como quem cantasse o samba de um velho ídolo? Pois “Flor-de-lis”, um samba original, com melodia de grudar no ouvido e letra estranhamente triste e esperançosa, foi o clássico instantâneo que transformou Djavan também instantaneamente num compositor e cantor do primeiro time da música brasileira, transformando seu primeiro LP numa das mais impressionantes estreias da história da MPB.

“Flor-de-lis”, que abre o disco, na verdade confirma o que os mais atentos já sabiam: aquele alagoano cantava, compunha, escrevia e tocava violão como ninguém mais.

Foi no velho estúdio da gravadora EMI-Odeon, em Botafogo, e pelas mãos do mítico produtor Aloysio de Oliveira – que produziu de tudo na música brasileira, de Carmen Miranda a Tom Jobim – que “A voz, o violão, a música de Djavan” tornou-se, praticamente, um disco de samba, apresentando o sacudido “Na boca do beco”, o quebra-queixo “Pára-raio”, o autobiográfico “E que Deus ajude”, o épico “Maria das Mercedes”, “Flor-de-lis”, “Fato consumado”, “Muito obrigado”, “Embola a bola”, de feição clássica, mas com o toque de Djavan e ainda, o sofisticadíssimo, afro-jazzístico, “Magia”.

Acompanhado por músicos ilustres, boa parte deles integrantes da banda de Elis Regina, a maior cantora da época, o resultado não poderia ser outro: um disco que é uma verdadeira obra-prima e o início da carreira um artista novo e original.
Hugo Sukman
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