Novena

1994
Depois de quase 20 anos de carreira e 45 de vida, “Novena” pode ser considerada a obra que marca a maturidade de Djavan como artista.

É o primeiro disco inteiramente produzido, arranjado e composto por ele e, mais do que isso, feito de fato à sua maneira, com a sua banda, uno e íntegro do início ao fim.

“Novena” é o resultado da interação de Djavan com os músicos, sempre os mesmos: Paulo Calasans (teclados), Marcelo Mariano ou Arthur Maia (baixo), Carlos Bala (bateria) e Marcelo Martins (sopros).

E como sempre que algo importante — no caso, a maturidade — acontece na carreira de Djavan, o samba está lá presente, servindo de abre-alas. “Limão” abre o álbum e anuncia o espírito renovador e prazeroso do disco.

Pilotando o próprio trabalho, senhor de sua própria expressão, Djavan parece querer mostrar todas as suas facetas. De um blues como “Aliás”, a um frevo instrumental como “Sete coqueiros”, “Novena” passa pelo balanço cheio de quebradas rítmicas nordestinas de “Água de lua” e pelas mais intimistas e reflexivas baladas, como “Mar à vista”, levada apenas no violão e no piano acústicos, sem esquecer de “Renunciação”.

O disco tem ainda novidades como o frevo estilizado “Quero-quero”, estrutura harmônica tão interessante quanto a letra masculina de “Lobisomem”. Além do balanço afro-pop de “Nas ruas”, com violões e concepção do groove de seu filho Max Viana, ali aos poucos, entrando na banda e na carreira do pai.

E como o assunto de “Novena” é maturidade, o disco é fechado por “Avô”, a única letra do disco não escrita por Djavan, mas por sua filha Flavia Virginia. De conteúdo evidentemente pessoal entre pai e filha, “Avô” fala também de uma obra sempre jovem, em eterna mutação. E num jogo de espelhos infinitos, fala literalmente pela voz da filha sobre o avô que seria.
Hugo Sukman
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